Hoje me sentei na beirada da cama
enquanto colocava meus brincos, com o pensamento disperso em algo que não
consigo lembrar.
De repente tive um estalo e meu
corpo se lembrou da época que eu tinha crises de ansiedade e depressivas a
ponto de não conseguir levantar da cama. Eu chorava e gritava, sentada na
beirada da maca, exatamente como agora, com meu corpo para ele se mover e sair
daquela posição, sem sucesso. Não conseguia me mover, não conseguia sair dali, estava
inerte, parada enquanto lágrimas vertiam pelo meu rosto.
Hoje isso não ocorre mais, pois
desde novembro de 2019, depois de uma crise pesada eu procurei ajuda médica,
mas para chegar isso, tive apoio e incentivo da minha família. Fui diagnosticada
com Transtorno Bipolar, uma doença que causas picos de euforia e também
depressivos. Desde então tenho acompanhamento psiquiátrico, tomo medicação nunca
mais tive pensamentos suicidadas, até o segundo semestre desse ano quando eles
voltaram.
Imediatamente, mais ou menos na
metade desse ano, eu tive um estalo que havia algo errado e procurei ajuda
psicológica o mais rápido possível, para lidar com uma situação complicada que
estava vivendo e estava me deixando depressiva, como uma panela de pressão
prestes a estourar (na verdade ela estourou, mas isso é uma outra história). O
fato que quero apresentar aqui foi a busca por auxilio assim que notei que
havia algo de errado e em duas semanas e meia, milagrosamente toda a tristeza tinha
ido embora, os pensamentos ruins, tudo.
Mas naquele momento que eu não
via saída, solução e estava em profunda tristeza e decepção comigo mesma por
minhas atitudes eu estava em uma FASE depressiva que como tudo na vida, passa.
A grande questão é a jornada que
atravessamos até essa fase acabar e como lidamos com ela. Muitas vezes não
temos a noção que ela vai passar e isso nos consome. Ficamos desanimados, sem
auto estima, nos sentido os piores seres humanos do planeta.
Antes eu sofria, ficava triste,
bebia, me cortava e não resolvia em nada. Somado a isso tinha as crises de
ansiedade que como um reloginho aparecia toda semana sem falta.
Hoje raramente tenho crises de
ansiedade ou depressivas e quando tenho, consigo lidar bem até passarem.
Mas até chegar aqui, meu querido
leitor, foi um grande caminho de lutas, perdas e algumas vitórias.
Foi frequentando um grupo de
terapia pela primeira vez (antes de ser diagnosticada) que entendi que não
estava sozinha nem era uma louca. Que existiam mais pessoas que tinham
transtornos como eu, e que sofriam com as situações mais diversas que a maioria
das pessoas consideraria “normais”. São dores muito diferentes, mas ainda
assim, unidas pela essência: todos temos problemas!
E a partir desse estalo que vi a
ajuda psicológica e psiquiátrica com outros olhos, pois como a maioria das
pessoas EU achava “coisa de doido”. Ledo engano.
Muitas vezes tudo que precisamos
é de um olhar acolhedor para nossa dor, sem julgamentos, mesmo que não se entenda
ela. E isso, encontramos na terapia.
Faz muito bem, para a mente e
para a alma! Vai por mim!
Hoje eu controlo minha doença com
medicação, mas ao primeiro sinal do meu corpo que tem algo errado, eu corro
para a terapeuta, porque o que aprendi nesses anos de dores calada é que a melhor
coisa é falar e procurar ajuda.
Gostaria que VOCÊ ao final desse
relato se sentisse confortável e acolhido o suficiente para buscar ajuda se
sentir que sua alma, seu corpo, seu ser estão pesados.
Dói para respirar, questionamos
nossa existência, mas o que posso dizer é que existe ajuda e salvação. Prometo!
Procure ajuda, por favor! Sua
vida vale muito e é preciosa!