A Cultura do Cancelamento, ou Amores Voláteis em Tempos de 4G

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

 Imagem: Google
 
O motivo desse post é a mais pura frustração e o resultado de conversas mentais com meu alter ego.
Fiquei pensando comigo, especificamente sobre um rapaz com quem conversava, que do nada sumiu. Offline o dia todo, adentrando altas horas da noite, em plena terça-feira de Carnaval.

Parei para imaginar o que poderia ter acontecido. Dormiu o dia todo? Morreu? Fui bloqueada? Se sim, disse algo errado? Se sim, o que disse errado a ponto de ser bloqueada sem qualquer satisfação? Estou errada? Sou errada? Meu Deus, o que foi que eu fiz para que merecesse isso? Porque no fim a culpa é sempre nossa...

As perguntas são inúmeras e as respostas, resposta aliás, é ZERO! Assim em caps mesmo.

Foi o que deu vazão ao meu pensamento e ao título.

Me sinto naquele episódio da série Black Mirror que tem uma versão do “cancelar” uma pessoa. Para quem não viu é assim, a pessoa “cancela” o outro da vida dela e ela passa a ser um borrão que não pode ser ouvido ou visto e no lugar dela, mesmo que esteja ao lado, aparece apenas um borrão sem som

 Imagem: Google

Triste né?

Valeria para casos extremos? Talvez. Eu mesma “cancelaria” algumas pessoas da minha vida, bem como já fui “cancelada” também.

Mas voltando a conversa com o pretenso boy, não houve nada de indecoroso ou ofensivo, muito pelo contrário, que faria valer um cancelamento.

Apenas uma mulher decidida que sabe o que quer e deseja e deixa isso claro, porque não tem nem tempo, nem paciência para joguinhos de sedução.

E é errado isso? 

A sociedade nos cobra tanto uma postura firme, assertiva – alguém socorre a libriana aqui – e quando ela existe, o tal do ego frágil foge para as montanhas e bloqueia

Seria cômico se não fosse trágico!

Um colega de trabalho esses dias postou uma coleção de Instagram Stories falando justamente disso. Qual a dificuldade de dizer “não tô a fim”? Precisa mesmo sumir e dar o famoso "vácuo"?

É tão mais simples ser honesto, com você e com o outro. Dialogar afinal! Qual a dificuldade disso?

Qual a necessidade de se munir de tantas desculpas que de repente se vê envolto em um novelo delas que mal pode sair.

Qual a dificuldade de dizer “olha, foi legal conversar, mas não estou mais interessado”?

É uma questão de polidez humana, de respeito ao outro.

Todos temos uma vida, compromissos e obrigações. E da mesma forma que você se vê sem tempo de continuar uma conversa que pode achar maçante – alooooow dar um toque – o outro, no caso eu, também tenho minhas obrigações, compromissos, prioridades e foco. 
Um aviso não cairia mal.
Mas é mais fácil “cancelar” do que comunicar. E aí mora o ponto principal desse desabafo.

O que aconteceu com a comunicação?

Eu, particularmente, acho muito mais simples e verdadeiro dizer que não estou mais interessada, até porque enjoo na mesma velocidade que me apaixono.

Mas acho que essas pessoas gostam de manter conversas no intuito de massagear o ego frágil delas. Ser objeto de desejo de alguém deve elevar a autoestima à mais alta estratosfera. 

E como se livrar disso? Primeiro recomendo dar um aviso, “olha, cansei” e cancela também! Porque no fundo somos seres humanos e como todo mundo, também somos falhos.